Desde o anúncio das tarifas recíprocas no dia 2 de abril (“Liberation Day”), observou-se um aumento expressivo da volatilidade nos mercados globais, levando inicialmente a uma “tempestade perfeita”, que derrubou simultaneamente os preços de ações, de títulos e do dólar. Desde então, as bolsas globais recuperaram parte importante das perdas (particularmente após o anúncio da suspensão temporária das tarifas recíprocas – com exceção da China), mas alguns pontos ainda chamam atenção.
A performance relativa no mercado global de títulos públicos apresenta um caso de estudo interessante. Ao contrário do que usualmente acontece em momentos de aumento da aversão ao risco, os títulos longos do Tesouro americano tiveram desempenho pior que seus pares em outras economias desenvolvidas. Conforme apresentado no gráfico desta semana, desde o dia 2 de abril, a taxa de juros dos títulos de 10 anos nos EUA subiu quase 15 pontos-base, enquanto todos os demais títulos na amostra selecionada foram na direção oposta.
Embora as hipóteses para explicar o movimento se misturem com argumentos técnicos (como a elevada concentração das carteiras globais no mercado americano), a precificação sugere que parte dos detentores de títulos dos EUA vem buscando alternativas em outras geografias – elevando assim os prêmios implícitos nos ativos americanos em relação a outros mercados desenvolvidos. A performance relativa recente nas bolsas e no câmbio também parece corroborar essa tese. Em todo caso, parece prematuro afirmar que o status de “safe haven” dos títulos americanos esteja seriamente ameaçado.
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