Muitas variáveis econômicas apresentam comportamento sazonal, o que exige cuidados específicos na análise de janelas de tempo mais curtas. Entretanto, como metodologia nenhuma de ajuste sazonal é infalível, diferentes abordagens podem levar a conclusões ambíguas.
Um bom exemplo disso são as expectativas para o crescimento do PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2025. Segundo o último Relatório de Inflação do Banco Central, espera-se um crescimento robusto, impulsionado principalmente pela perspectiva de uma boa safra no setor agrícola. De acordo com a metodologia usual de ajuste sazonal adotada pelo IBGE, o crescimento seria expressivo mesmo desconsiderando a contribuição da agropecuária – o que levanta questionamentos sobre a continuidade do processo de desaceleração econômica observado até o ano passado.
A fim de investigar esse ponto, o Banco Central publicou um “boxe” aplicando uma metodologia de ajuste sazonal “indireta” (isto é, realizada nos componentes do PIB, e não sobre o agregado), o que resultou em uma queda do crescimento estimado para o PIB ex-agro no primeiro trimestre de 2025 de 0,9% para apenas 0,3%, conforme ilustrado no gráfico dessa semana.
O estudo reforça o cenário de desaceleração do componente mais cíclico da atividade econômica e destaca a importância da cautela na análise de dados afetados por componentes sazonais.
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