O “Liberation Day”, conforme anunciado pelo presidente Donald Trump, estabeleceu as “tarifas recíprocas” sobre importações americanas na última quarta-feira (02/04), elevando a tarifa média efetiva para o maior patamar em mais de 100 anos. A medida impôs uma alíquota mínima de 10% sobre todas as importações e taxas adicionais para diversos países que, segundo a metodologia apresentada pelo Office of the United States Trade Representative (USTR), foram estimadas de forma a cortar pela metade os déficits comerciais bilaterais dos EUA com cada parceiro comercial.
A ideia é que as importações dos EUA caiam devido ao aumento de custo imposto pelas tarifas, respeitando hipóteses sobre a elasticidade das importações em relação aos preços (ε = 4) e o repasse da alíquota tarifária para os preços finais dos bens importados (φ = 0,25). Como os valores adotados para as duas medidas se neutralizam (4 × 0,25 = 1), a equação que deveria resultar no equilíbrio da balança comercial bilateral nas contas da USTR seria igual ao déficit comercial (importações menos exportações) dividido pelas importações de cada país.
No gráfico desta semana, mostramos a evolução histórica da corrente de comércio da balança comercial de bens (soma do volume importado e exportado) dos Estados Unidos, que perdeu força a partir de 2012 diante do crescimento do setor de serviços na composição do PIB. Essa métrica, que funciona como um termômetro do grau de abertura econômica ao comércio exterior, tende a cair ainda mais nos próximos anos caso o governo americano mantenha as políticas tarifárias anunciadas na semana passada.